quarta-feira, 1 de abril de 2015

Meu mundo mais verde - artigo de opinião

 As cores da minha aldeia
Gervásio de Souza Benites

    Quando se fala em aldeia indígena, a ideia que a maioria tem é de um lugar paradisíaco com matas verdes, rios limpos cheios de peixes, pessoas felizes dançando e festejando. Eu sou um índio, moro numa aldeia, mas esta está longe se ser essa maravilha idealizada por todos. 
    Pois é, eu queria viver num mundo verde, mas se for para dar uma cor para o meu mundo, eu diria que ele é cinza. Cinza por causa da fumaça proveniente de queimadas feitas para limpar terrenos, fumaça vinda de lixo queimado. Pois é, aqui na nossa reserva queimamos nosso lixo. Sabemos que não é certo queimar lixo, mas entre deixar tudo jogado por aí ou queimar, optamos pela segunda opção.
    Se formos culpar alguém, podemos dizer que o poder público não nos olha como devia. Não há sistema de coleta de lixo em nossa aldeia e também podemos dizer que nem todos os patrícios foram educados corretamente nesse quesito.
    Podemos também dizer que é cinza devido a falta de árvores. Pois é, nossa aldeia tem pouquíssimas árvores. Nossos antepassados derrubaram as matas para fazerem casas e roças. A população foi aumentando e as árvores diminuindo. Agora vemos muitas casas, algumas lavouras e poucas árvores. Estas são, na sua maioria, frutíferas e ficam em volta das casas.
    Há muitos carros circulando pelas estradas da reserva o que provoca muito poeira. Esta cobre o pouco de verde que há, tornando-o marrom. A presença dos carros é indispensável para o nosso conforto, então a prefeitura deveria mandar cascalhar as estradas para diminuir a poeira.
    Sendo assim, você pode ver que aquele mundo verde idealizado por todos não está presente aqui em nossa aldeia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário