domingo, 22 de março de 2015

Crônica diária

A primeira vez
Pedro Ferreira da Silva
   
   Bom, com certeza aquele não seria um dia normal para Daniel. Ele fez de tudo para evitar, mas agora não tinha mais jeito, ele tinha que ir. Ele tentou esconder dos pais enquanto pode, mas depois de algumas reclamações os pais decidiram por ele. Ele tinha que ir lá resolver aquele problema.
    Mesmo sabendo que não tinha outra escolha ele ainda tentou uma última cartada.
   ̶  Filho, levanta que já está na hora de irmos.
   ̶   Pai, não vai dar, eu estou com dor de cabeça.
    ̶  Como assim, você parecia ótimo quando foi dormir ontem à noite.
    ̶  Pois é, eu também não sei.
    ̶   Mas isso não tem problema, lá nós resolveremos esse problema também.
    ̶   Mas, pai, eu não quero ir.
    ̶  Filho, eu sei que é uma coisa ruim, muitos passam por isso, mas você tem que enfrentar isso de frente. Se você não for lá agora, isso ficará muito pior. Quanto mais o tempo passar, pior as coisas vão ficando.
    ̶  Mas, pai, eu estou com muito medo.
   ̶  Ter medo não é feio. Todos temos medo de alguma coisa. Uns mais, outros menos. Mas o que torna uma pessoa corajosa é o fato dela enfrentar esse medo e vencê-lo.
    ̶  Mas pai, se eu desmaiar?
   ̶  Nunca ouvi falar de alguém que tenha desmaiado nessa situação. E se isso acontecer, nós damos um jeito também. Vamos deixar de história e vista-se logo. Eu vou esperar lá embaixo.
   Daniel não teve outra opção a não ser se vestir e encontrar o pai na cozinha.
   ̶  Daniel, tome o seu café e depois escove bem os dentes  ̶  disse a mãe.
   ̶   Mãe, eu estou com medo.
   ̶  Eu também fiquei com medo no dia que eu tive que ir, mas depois vi que era bobagem minha ficar com medo.
   Daniel tomou o café da manhã, escovou os dentes e foi encontrar o pai que já estava no carro.
    ̶  Lá vem o meu super-homem.
   ̶   Não adianta vir com piadinhas, pai. Eu estou com medo e nada vai mudar isso.
    Chegaram. Os dois entraram no elevador que levava até à sala. Saíram do elevador e entraram na sala. Uma secretária os estava esperando e perguntou:
    ̶  Você é Daniel Benites Figueiredo?
   ̶  Sim, respondeu o pai, porque o filho ficara mudo.
   ̶  Vocês aguardam aí um pouco que já, já, o Daniel será atendido.
   A porta se abriu e um homem vestido de branco chamou:
   ̶  Daniel, vamos lá?
   O coração de Daniel bateu mais forte. O sangue subiu todo para a cabeça, pelo menos era isso o que ele sentia. Começou a tremer e demorou um pouco para se levantar.
   ̶  Pai, o senhor vai lá comigo?
   ̶  Não filho, você vai enfrentar isso sozinho, como um homem.
   Ao entrar, Daniel viu um banco que parecia uma cama. O homem de branco disse:
   ̶  Sente-se aí, Daniel.
   O home calçou um par de luvas, mexeu numa luz que ficava em cima da cadeira e disse:
   ̶  Daniel, encoste-se na cadeira, que eu vou deitá-la. Vai ficar igual a uma cama.
  Cadeira abaixada o homem disse:
   ̶  Agora abra bem a boca... Um ... um... não parece grande coisa. Muito bem, Daniel, vou passar um negócio na sua boca... 
   Daniel gelou quando viu o homem com uma seringa na mão.
   ̶  Não precisa ter medo, isso aqui é uma anestesia. Você nem vai sentir quando eu enfiá-la na sua boca, porque aquele negócio que eu passei na sua boca é uma anestesia também.
   O homem enfiou a agulha na gengiva de Daniel que não sentiu nada. A única coisa que ele sentiu foi que a boca parecia que estava aumentando de tamanho. Depois veio um negócio que fazia um barulho muito ruim. Daniel gelou novamente, mas percebeu que não sentia nada enquanto o dentista enfiava aquilo no seu dente.
   Barulho vai, barulho vem, uma cuspida aqui, outra ali e finalmente a coisa acabou.
   ̶  Pode se levantar, Daniel. Já acabamos.
   Daniel passou a língua pelos dentes e percebeu que o dente que estava furado tinha sido tapado. Ele também percebeu que não estava sentindo nada de um dos lados da boca.
    ̶  E aí, filho, como foi?
   ̶  Tô com a boca muito estranha. ̶  disse o menino com dificuldade.  ̶  Mas não foi ruim não.
   ̶  Eu disse para você que não era para ter medo.
   E assim Daniel passou pela sua primeira experiência num consultório odontológico. Quando chegou em casa com a boca muito estranha ficou até tirando vantagem.
   ̶  Mãe, a senhora pode até beliscar aqui que eu não sinto nada.

   Todos riram da situação e ficaram felizes porque o filho tinha vencido aquela dificuldade. 

Um comentário:

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