quinta-feira, 5 de março de 2015

Carta argumentativa O mundo que gostaria de crescer

Dourados, 05 de março de 2015
Caro senhor Joaquim Teobaldo
   Meu nome é Agnaldo Morales, tenho 14 anos e moro na reserva indígena de Dourados. O motivo desta carta é comunicar uma realidade e fazer alguns pedidos.
   A vida para um indígena daqui não está sendo fácil, temos todos os problemas que os garotos de grandes centros enfrentam: drogas, violência, falta de oportunidade e sem muita esperança no futuro.
  Eu gostaria de crescer em um mundo melhor, onde não há preconceito contra os índios. O senhor não sabe o quanto é ruim você chegar em uma loja para comprar alguma coisa e o vendedor ficar te vigiando com medo de você roubar algo? Gostaria de ser tratado como um cidadão comum igual aos outros denominados não-indígena.
  Em nossa comunidade somos esquecidos pelo poder público. Nossos jovens não têm muitas escolhas e muitos acabam indo pelos maus caminhos da droga e violência. Sim, nós temos muitos morrendo vítimas desses dois males. Eu não quero crescer nesse mundo sem oportunidades. Não quero ficar sabendo que meu colega de turma da escola está morto ou num centro de recuperação para menores infratores.
   Eu quero a oportunidade de estudar em uma escola de qualidade que me prepare para uma sociedade cada vez mais competitiva. Gostaria de ver meus colegas de turma terminando a faculdade junto comigo, mas isto não será possível porque alguns vão morrer, outros serão presos, outros casarão antes da hora ideal e tem aqueles que vão abandonar os estudos por falta de esperança nesse ensino fracassado que nos é oferecido atualmente.
   Estamos ainda no início do ano e uma das minhas colegas de turma da escola disse que vai abandonar a escola porque está grávida, pensa: ela só tem quatorze anos. Eu gostaria que meu mundo não tivesse adolescentes deixando a escola para criarem seus filhos. Gostaria que nós adolescentes tivéssemos um mundo, se não o melhor, um que nos ofereça o mínimo que precisamos para a nossa formação.
   Por isso venho pedir ao senhor que é um juiz da infância e adolescência que proponha ações voltadas para nós, adolescentes, principalmente aqueles que estão à margem da sociedade. Ações estas que nos propiciem oportunidades de crescermos desenvolvendo todas as nossas faculdades físicas e mentais.
   Apesar de eu ser apenas um entre milhões, gostaria que o senhor olhasse com carinho para esta minha carta.
  Atenciosamente,

Agnaldo Morales

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